Processamento de imagem ajuda a
polícia identificar foragidos
O projeto piloto, de uso da tecnologia de reconhecimento facial, está sendo implantado em Canoas, no Rio Grande do Sul. Por enquanto, duas câmeras estão conectadas a lista de 250 foragidos da polícia.
Michelle Barros e Flávio Fachel
A polícia encontrou na moderna tecnologia de processamento de imagem uma importante ajuda para encontrar foragidos.
É só prestar atenção: elas estão espalhadas por aí. Olhares indiscretos e atentos por todo o canto.
Em Canoas, município da região metropolitana do Rio Grande do Sul, está sendo implantado um projeto piloto de uso da tecnologia de reconhecimento facial na segurança pública.
As câmeras que fazem a identificação foram instaladas em estações do metrô de superfície que passa por várias cidades da grande Porto Alegre.
A câmera precisa ter resolução mínima de 720 por 480 pixels. A solução é um programa, o cérebro que processa tudo o que a câmera vê. Ele captura a imagem do rosto e procura pelos olhos. Mede as distâncias em relação ao nariz, boca, queixo, testa, e transforma tudo em vetores. Depois, tudo é convertido num algoritmo que vai ser comparado com as imagens já armazenadas no computador.
“A gente está justamente nessa fase. A gente está indexando o banco de dados dos foragidos da cidade de canoas com esse software de identificação facial. Então à medida em que haja uma compatibilidade da face do foragido com esse software, o sistema sinalizará com alarme sonoro e as forças policiais terão informação para captura desse indivíduo foragido”, explica o secretário de Segurança Pública, Eduardo Pazenato.
Por enquanto, duas câmeras estão conectadas a lista de 250 foragidos da polícia. Dá pra fazer mais: um HD de 40 giga suporta até cinco milhões de fotografias, mas por enquanto, em Canoas, ainda é um teste.
“Não devo nada, então onde eu vou, quem quiser olhar me viu, quem não quiser não viu e vou em frente”, diz o gesseiro Manoel Pinheiro.
Num teste, feito nos Estados Unidos, mesmo com rosto coberto, o programa identifica três fisionomias semelhantes. Uma delas tem 56% dos pontos parecidos. O suficiente para disparar um alarme.
“Não vamos ter mais um olho para cada câmera. Vamos ter um olho biônico olhando ai bilhões de câmeras e até certo ponto pensando pelo homem. E identificando suspeitos”, fala o gerente de contas estratégicas da ISS, Eduardo Ramos.
Imagine um sistema de câmeras capaz de perceber quando alguém faz algo errado. De modo automático, sem que seja preciso alguém em uma sala de segurança acompanhando tudo em dezenas de monitores.
Pois esse sistema já existe e está de olho em médicos e enfermeiras de um hospital do norte do estado de Nova York, que não autorizou a gente a entrar para mostrar como tudo funciona.
Por isso, a equipe do Jornal da Globo foi até o laboratório onde o dedo-duro eletrônico foi inventado.
Saiba o que acontece na simulação quando um dos cientistas "esquece" de fazer a limpeza obrigatória. "Por favor, lave suas mãos", diz a voz gerada pelo computador.
Não há ninguém observando as imagens. O computador faz tudo sozinho com seus olhos eletrônicos. Assim, é possível ter certeza de que médicos e enfermeiras realizaram direitinho todos os procedimentos.
“Integramos visão eletrônica com outras tecnologias, como inteligência artificial. A câmera só enxerga a cena. Mas a informação, depois, é processada pelo computador. Eu acho que a mesma tecnologia poderá ser usada para muitas outras coisas no futuro”, diz o engenheiro Kunter Akbay.
E se fosse possível ir além?
Em um outro laboratório, a cientista dize ser capaz de decifrar a "linguagem corporal".
Um bracelete com eletrodos armazena e transmite informações captadas na pele das pessoas.
Temperatura, quantidade de suor. Variações quase imperceptíveis, mas que não escapam dos delicados circuitos e o que o computador vê também é importante.
Ao chegar com o rosto perto da câmera do computador, o programa automaticamente cria pontos vermelhos.
São 22 pontos que servem para localizar as sobrancelhas, os olhos, o nariz e a boca e ainda tem essas linhas pretas, que servem para captar o movimento do meu rosto.
Com tudo isso, os criadores do programa dizem que são capazes de descobrir o que sentimos.
Aprovação, reprovação, alegria, tristeza, indiferença. No meio da demonstração, a equipe do Jornal da Globo tenta imaginar como o computador consegue fazer tudo isso tão rapidamente.
Ele percebe que o repórter Flávio Fachel, está pensando. A tecnologia está sendo desenvolvida para a realização de pesquisas online. Um vídeo será enviado para um grupo de pessoas e a própria câmera do computador de cada um vai ser usada para captar as reações dos, digamos assim, entrevistados.
Será possível descobrir que parte do vídeo mais agradou, o que não chamou a atenção, o que causou repulsa ou descontentamento. Tudo sem que ninguém precise precisem preencher nenhum questionário.
Pois então, prepare-se: as câmeras que mostram tudo, de verdade, estão chegando.
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