Saturday 8 January 2011

Copy&Paste Silvia Guadagnini

Guarda-chuvas - Intervenção Urbana
A primeira ação




Edmilson Vasconcelos Terreno Baldio
Ilustração feita durante o planejamento das ações.




“... aprender a habitar melhor o mundo, em lugar de pretender construí-lo em função de uma idéia preconcebida de evolução histórica. Em outra palavras, as obras já não se fixam com o objetivo de formar realidades imaginárias ou utópicas, senão que buscam construir modos de existência ou modelos de ação no interior da realidade existente, qualquer que seja a escala escolhida pelo artista para tratar com tal categoria.” (BORRIAUD, 1998)


GUARDA-CHUVAS

UM PROJETO DE ARTE COLABORATIVA

O projeto de arte colaborativa se concretizou através de intervenções urbanas com caráter de arte ativismo. Cada uma das três intervenções consistiu em sair às ruas do centro da cidade carregando guarda-chuvas que continham mensagens sobre liberdade. Essas mensagens foram passadas para o sistema de vigilância da cidade através da mídia guarda-chuva e ao mesmo tempo, essa mídia protegeu os interventores do olhar cont&iacutenuo das câmeras. Os artistas se posicionaram embaixo das câmeras de vigilância, como estátuas vivas, num “estar e não estar presente” e o registro fotográfico do interventor, mensagem e câmera foi realizado.

A escolha do objeto guarda-chuva se deu por ser um utensílio que protege pessoas, assim os interventores foram protegidos do olhar das câmeras, preservando suas identidades, ocultaram sua imagem (o que o sistema atualmente não permite) suas identidades só puderam ser reveladas nas exposições dos registros das intervenções.

A proposta foi lançada para dois grupos de artistas de uma forma semi-definida, com um objetivo estabelecido. Houve um espaço para discussão e planejamento das ações em grupo. A partir da análise da definição dos aspectos formais da ação, consigo definir a minha atuaçõo na elaboraçõo do projeto como a de uma artista propositora e até coordenadora do evento. Mas o produto final do projeto, incluindo a escolha das mensagens, a ação nas ruas e os registros fotográficos foram o resultado de uma criaçõo coletiva e de um trabalho em equipe.

A avaliação desse resultado é de que a criação coletiva e o trabalho em equipe potencializaram a proposta. A arte caminha cada vez mais para ações conjuntas. Vejo uma real impossibilidade de conseguir um resultado semelhante dessa ação atuando sozinha, o grupo foi fundamental para a execução e o enriquecimento da ação.

Criou-se um espaço de relações humanas motivado pelo tema LIBERDADE, que circulou em diversos grupos desde sua proposição, planejamento, ação e exposiçõo. Uma oportunidade que o sistema não abriria, por isso procuro pensá-la como um intervalo no sistema ou como diria Bourriaud um insterstício.



“O interstício é um espaço de relações humanas que, inserindo-se mais ou menos harmoniosa ou abertamente no sistema global, sugere outras possibilidades de troca, diferentes das hegemônicas no dito sistema. Essa é precisamente a natureza da exposição de arte contemporânea no campo do comércio e das representações: cria espaços livres, durações cujos ritmos se op&oatilde;em aos dos que controlam as vidas cotidianas, favorecem um comércio inter-humano diferente do das “zonas de comunicação” que nos são impostas.” (BORRIAUD, 1998)



Intervenção em Florianópolis no dia 14/06/2006.


ASPECTOS FORMAIS

Durante as discussões do grupo sobre o projeto, houve uma opção pela simplicidade e facilidade na resolução dos aspectos formais da intervenção. Foi aplicado o conceito de economia, citado por Michel de Certeau, em seu texto De las prácticas cotidianas de oposición:


“É um princípio de economia: com o mínimo de forças, obter o máximo de efeitos. Se sabe que assim se define uma estética. A multiplicação de efeitos por meio da diminuição de meios e, por razões diferentes, a regra que organiza a arte de fazer e a arte poética de dizer, pintar ou cantar.”


A definição do objeto escolhido foi um dos elementos mais importantes da intervenção: o guarda-chuva, que serviu como instrumento para interpelar o espaço e o contexto urbano de uma cidade.

O guarda-chuva foi escolhido, sob o aspecto formal, por sua forma convexa e por possuir uma ampla área para emissão da mensagem e portanto, agiu como uma mídia que emitiu e enviou mensagens ao sistema. Cada guarda-chuva tinha disponível cerca de 1.00 m de diâmetro para inserção do texto. Os guarda-chuvas isolados ou em conjunto criaram aspectos formais interessantes no quadro da forma externa - a cidade. Eles foram adesivados de maneiras diferentes pelos participantes, alguns com letras regulares previamente recortadas e outros com mensagens montadas no dia e local da ação, através de alguns tipos de fitas adesivas. A liberdade na criação e na confecção das mensagens no objeto se originou também numa das discussões do grupo, onde se priorizava a facilidade de participação dos interventores e a rapidez na montagem do objeto.

A repetição dos objetos reforçou o caráter visual da intervenção e o grupo de guarda-chuvas gerou um efeito visual mais potente do que se utilizássemos diversos tipos de mídias diferentes.



Foram realizados os seguintes Guarda-chuvas:

“Ao menos ser livre…”
“…no silêncio…”
“…e na solidão.”
“Não consigo sorrir.”
“Mas renasço.”
“Não sou eu.”
“Meu tempo.”


Título: Guarda-chuvas
Intervenção urbana e performance.
Propositora: Silvia Guadagnini

Interventores:
Cássio Ferraz
Judivânia Rodrigues
Maria Costa de Araújo
Patrícia Laus
Sandra Reis
Silvia Guadagnini
Yara Guasque

Fotos da intervenção:
Aracéli Nichelle
Judivânia Rodrigues
Patrícia Laus
Ricardo Pinheiro Machado

Registros fotográficos no museu:
Édina de Marco
Gabrielle Althausen
Yara Guasque




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